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Autor de Pierre Menard 


Nanquim sobre papel, 11 folhas emolduradas, 25 x 18 cm cada, 2015.
Desenho letra por letra do conto Pierre Menard, autor do Quixote, de Jorge Luis Borges. 




"... a verdade, cuja mãe é a história, êmulo do tempo, depósito das ações, testemunha do pas sado, exemplo e aviso do presente, advertência do futuro.”



Autor de Pierre Menard é uma ação artística que produz uma nova versão de Pierre Menard, autor de D. Quixote, que produziu uma nova versão de D. Quixote, de Miguel de Cervantes. A estratégia para isso foi o desenho letra por letra do conto em questão destacando a consistência material do texto, para além de seu enunciado.

Tratou-se de um processo intenso de quase 6 meses não só de trabalhos manuais, mas de um entendimento matérico do conto e sua defesa radical de originalidade compartilhada.

O desenho de Pierre Menard se relaciona com as ideias de Harold Bloom que diz que o jogo da grande literatura tem como engrenagem um conjunto intermináveis de pequenos comentários que legitimam seu centro dispersor. E de Michel Foucault que escreveu que Quixote era "magro como uma letra".

Em Pierre Menard, Autor de Dom Quixote, conto presente no livro Ficções, de Jorge Luis Borges, o narrador inicialmente enumera as “obras visíveis” de um suposto escritor que dá nome ao título. Ali estão citados suas monografias, suas traduções, seus prefácios, seus livros e até mesmo “um artigo técnico sobre a possibilidade de enriquecer o xadrez eliminando um dos peões da torre” (BORGES, 1998, p. 491).

Nada disso, porém, parece importante diante da obra de Menard que Borges considera “a subterrânea, a interminavelmente heroica, a ímpar” (Ibid., p. 492). Trata-se de sua tentativa em compor outro Dom Quixote, uma experiência que Borges não considera uma cópia, apesar de coincidir exatamente com a primeira versão escrita por Cervantes:

"Não queria compor outro Quixote – o que é fácil – mas o Quixote. Inútil acrescentar que nunca enfrentou uma transcrição mecânica do original; não se propunha copiá-lo. Sua admirável ambição era produzir algumas páginas que coincidissem – palavra por palavra e linha por linha – com as de Miguel de Cervantes" (Ibid., p. 491).








Sesc Belenzinho, São Paulo, BR. 2016.









Técnica de escrita: caneta Nanquim 0.1 e 0.05 sobre papel.






Obra feita em apoio a Pablo Katchadjian, escritor processado pela viúva de Borges por ter escrito uma versão maior de O Aleph.

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